quinta-feira, abril 12

aspirações orgânicas

Queria entender do que são feitos os desejos, de onde eles originam dentro de nós, de que matéria orgânica, de que reação simbólica entre satisfação e o desconhecido eles são feitos. Estão ali, palpáveis e cheirosos, incitando a tua inteligência, tão engenhosos que um passo em falso e já se tornam missão de outro entusiasta da vida.
O que me faz querer um desconhecido mal vestido na rua, mais do que um amor de infância? O que me faz preferir o branco ao amarelo, a prata ao ouro, a lua ao invés do sol, o pensamento daquela pessoa que não pode o fazer, ao invés da segurança de um relacionamento recíproco atual?
Existem vários tipos: os ocultos, os honestos, os hipócritas, os impossíveis, e os meus preferidos: os constantes.
Aquela certeza de que só você pode desfrutar, afinal é seu desejo, seu paraíso, deleite-se. Um dia o sorriso disfarçado quando tu se pega pensando nele, já em outro, o medo que acelera o coração só de saber que tem um motivo pra tal pensamento.
Acho que a maioria de nós trata seus desejos como fazia com o pote de doces na infância; você sabe que está lá em cima do armário, mas se atrever a mexer nele, é problema na certa, sua vó que o diga! Mas um dia tu acaba pegando a cadeira e subindo até o pote de doces, roubando um deles com esperança de um herói dos livros que leu e a satisfação de algo realizado.
Ás vezes esse “dia” demora mais do que o necessário, e a culpa é toda sua, não é mesmo? Gostamos de ignorar o que nos convêm, memória seletiva e apertada, acomodados em nossos próprios corpos, o último lugar permitido para tal fraqueza, acabamos calculando o risco, a recompensa e a possibilidade.
Que coisa mais chata! Eu prefiro desfrutar eles dentro de mim, se não é possível espalhar-los por ai, consumo diariamente minha dose de truques e sorrisos, gosto quando me dou conta que eu queria mais do que pensava, aquilo ou alguém, gosto de sentir isso, os olhos que de tempos em tempos se perdem e paralisam no nada, a respiração pausada, a sensação de necessidade, a omissão, a vontade do tato, a agonia do olfato, a despretensão da audição, e claro a visão que contribui e muito pra isso.
Todos os sentidos cheios de si, mentalmente programados pra te conquistar e serem conquistados, desejos que eu nem tenho coragem de pronunciar, tamanha desordem que eu causaria na petrificada existência alheia.

Desejo, palavra bonita, sonoramente macia, e fisicamente instável.

3 comentários:

marriemooth disse...

desejar implica tbm em viver
poremate entao eu assim nao agia
e agora sei o quão satisfatorio é agir

Anônimo disse...

Ah os desejos! Só não são tão bizarros quanto os sinais que eu recebo na vida e não sigo ;P
Desejos nos cegam :x desejos infundamentados ;P
Simplesmente desejos :X

Anônimo disse...

ahhh desejosss...
axo q são tão complicadosss...
como eu neh dona moça...
hauahuahuahauhauhauahua
bjaummm adoro-teeee