segunda-feira, julho 2

dor

senti-la?
admira-la?
entristecer dentro do dia
de cada um
dor inevitável que se expressa por conta própria
esgueira-se nos becos e vai à porcelanatos e luzes
as vezes ofuscada pela falta de conhecimento da vida
ou a morte enquanto se vive
a dor é feita de pedaços e apertos
consegue ver sua calda mordida?
ela começa e termina
remoendo-se com gosto de fotos velhas
e frases não ditas
em mim.















(tá meio depressivo isso aqui...)

quinta-feira, abril 12

aspirações orgânicas

Queria entender do que são feitos os desejos, de onde eles originam dentro de nós, de que matéria orgânica, de que reação simbólica entre satisfação e o desconhecido eles são feitos. Estão ali, palpáveis e cheirosos, incitando a tua inteligência, tão engenhosos que um passo em falso e já se tornam missão de outro entusiasta da vida.
O que me faz querer um desconhecido mal vestido na rua, mais do que um amor de infância? O que me faz preferir o branco ao amarelo, a prata ao ouro, a lua ao invés do sol, o pensamento daquela pessoa que não pode o fazer, ao invés da segurança de um relacionamento recíproco atual?
Existem vários tipos: os ocultos, os honestos, os hipócritas, os impossíveis, e os meus preferidos: os constantes.
Aquela certeza de que só você pode desfrutar, afinal é seu desejo, seu paraíso, deleite-se. Um dia o sorriso disfarçado quando tu se pega pensando nele, já em outro, o medo que acelera o coração só de saber que tem um motivo pra tal pensamento.
Acho que a maioria de nós trata seus desejos como fazia com o pote de doces na infância; você sabe que está lá em cima do armário, mas se atrever a mexer nele, é problema na certa, sua vó que o diga! Mas um dia tu acaba pegando a cadeira e subindo até o pote de doces, roubando um deles com esperança de um herói dos livros que leu e a satisfação de algo realizado.
Ás vezes esse “dia” demora mais do que o necessário, e a culpa é toda sua, não é mesmo? Gostamos de ignorar o que nos convêm, memória seletiva e apertada, acomodados em nossos próprios corpos, o último lugar permitido para tal fraqueza, acabamos calculando o risco, a recompensa e a possibilidade.
Que coisa mais chata! Eu prefiro desfrutar eles dentro de mim, se não é possível espalhar-los por ai, consumo diariamente minha dose de truques e sorrisos, gosto quando me dou conta que eu queria mais do que pensava, aquilo ou alguém, gosto de sentir isso, os olhos que de tempos em tempos se perdem e paralisam no nada, a respiração pausada, a sensação de necessidade, a omissão, a vontade do tato, a agonia do olfato, a despretensão da audição, e claro a visão que contribui e muito pra isso.
Todos os sentidos cheios de si, mentalmente programados pra te conquistar e serem conquistados, desejos que eu nem tenho coragem de pronunciar, tamanha desordem que eu causaria na petrificada existência alheia.

Desejo, palavra bonita, sonoramente macia, e fisicamente instável.

domingo, março 18

e se?

Existe uma linha que se atravessada passa a ter um novo sentindo?
Ou seria apenas a ilusão que nosso cérebro programado nos impõe, para aceitarmos aquilo como nova realidade, sendo que ela nunca mudou, continua a mesma que era antes de você a perceber. Não suporto ter que sempre pensar ambiguamente sobre tudo, como se não fosse possível a simplicidade de apenas ser, longe de questionamentos infinitos.
E se, e se e se... Isso faz meus dedos ficarem inquietos, a dúvida, a possibilidade, a contagem dos dias, as minhas atitudes tão definhadas pelo prazer de controlar minhas emoções, gritando a plenos pulmões o seu ódio e nojo por existir, e o seu amor por algumas pessoas, queria ter coragem de dizer.
Ultimamente tenho andado de olhos bem abertos, encarando apenas um lado da vida, simples assim: você é eu sou, o resto é o resto.
Nada de perguntas, de suposições, e tentativas frustradas de adivinhar o que aconteceria se não fosse aquilo, naquele momento, naquela luz, com aquele sorriso e com aquela pessoa.
Respirar um pouco entre minhas noites mal dormidas, cervejas e cigarros abafados pelo barulho estridente de sempre viver dentro de mim, e eu sorrio pra você, pois acostumei à fortaleza arredia, aliás cheia de sofás vermelhos...

quinta-feira, março 8

mais uma idéia que não faz mto sentido

Eu estava cega e não sabia, todos me parecem mais crus, e se eu sempre despejei a verdade na cara de qualquer um, agora fiquei insuportavelmente crítica, e realista quanto às coisas que me afetam.
Incrível como tem gente que enche a boca pra falar de suas ideologias, sem ao menos ter vivenciado elas, e tem gente que consome o pensamento alheio para se martirizar e provar alguma futilidade pra alguém, isso me dá nojo. E é o que eu percebi que já acontece comigo, sempre arquei com as conseqüências, na minha vida toda odiei falsos rebeldezinhos, que no primeiro esbarrão com a realidade, fogem pra dentro da comodidade ao alcance de um arrependimento.
È fato que somos fracos e manipuláveis, mas o que nos nutre também nos destrói e vice versa, não é mesmo?
Por isso engolir palavras não é algo fácil de fazer quando paralelo a ela, uma atitude sucumbi aos teus valores, que são só seus e não são favorecidos pelo julgamento de ninguém, eu tenho meus limites, longe do puritanismo. Mas volto a me analisar:
Acredito que se você se deixa em segundo plano por muito tempo, acaba esquecendo o gosto das coisas, e também o valor que alguém pode dar a tuas idéias, desconexas, mas extremamente francas, pelo menos pra pessoa ali do outro lado do reflexo.
Demasiadamente limitada quanto a interferir na vida de outra pessoa, o meu maior medo, é talvez nunca ser capaz de existir pra alguém, compartilhar algo tão grande que seja o suficiente pra me fazer abrir os olhos todos os dias e pensar: - “tudo completo”.
Tem dias que eu chego a me conformar, a pensar de maneira sensata sobre meus relacionamentos, e o que eu desejo deles. Sou do tipo que faz milhares de promessas pra si mesmo, e não cumpre nem metade delas, e as vezes o faço da pior maneira, com um jeito bruto que só o silêncio possui.

quarta-feira, fevereiro 21

antes de você a perceber

me de uma dose
me de um pouco de contato físico
físico, físico, físico, físico
psique infinita
me de uma arma
me de um motivo
me de um tiro
uma roupa
me de palavras
me de um gole
me de ossos
me de o infinito
me de um olhar
me de um astronauta
me de um dia
dedos
me de um sorriso
me de um barco
me de um arranhão
um som
uma planta
um amor
uma sorte
um calor
me de um motivo
me de sentido
me de um motivo
me de sentido
me de um motivo
vários
sentidos
físico inapropriado
me de um pouco
me de 7
me de pó
me de e se e se esse suspiro
que é razão do sorriso de outro alguém
me de seu coração
me de silêncio
me de multidão
me de seu medo
de me ter
me de os dois
me de agora
as cicatrizes no seu olho
me de a luz
de um abraço
me de sinceridade
me de um livro
me de piadas sem sentido
me de um dia cinza
e filmes mudos
me de razão
me de um sim
um não
me de uma dose
de angústia
de raiva
me de um pouco
de você.

sexta-feira, fevereiro 2

Ah esses humanos que tanto me fascinam!

Percebi que ao contrário do que pensa a maioria, só os desprendidos de sentimentalismo vêem a beleza real do mundo e das pessoas. Falo por mim mesma e por poucos semelhantes que me rodeiam e sentem o mesmo.
A notável diferença entre nós é o que ainda me deixa feliz por ser diferente, por não pertencer a padrões de atitude e convívio.
A partir do momento que não nos importamos em ser ou ter, e não carregamos o asco de sempre precisar de tudo, todos a todo tempo, a vida se torna como aquele ditado que todo mundo acha bonito, mas não acredita, - se não voltar pra mim é porque nunca me pertenceu. Não me obrigo a sofrer por antecipação ou a agonia constante da falta de respostas para tudo que me afeta, as coisas acontecem naturalmente, acredito em destino e eu tento viver e não esperar que os outros o façam por mim.
Algumas dessas criaturas (humanos) tendem e não sei o porquê, a se submeter e criar necessidades que acabam deixando-os cegos, surdos, mudos e empacados na vida. Mas é isso que adoro, a diversidade entre a mediocridade humana e a perfeição de pertencer a algo tão maravilhoso.
Um de meus vícios diários (são tantos) é ficar imaginando a história de vida de alguém que passou por mim na rua, e me olhou nos olhos mesmo que apenas por meros segundos, já sendo o suficiente pra eu me perder em pensamentos e sorrir sentindo como é incrível tantas pessoas, tantas vidas, idéias, amores, raças, belezas e histórias, em volta de mim e não dentro. Eu gosto de ouvi-las.
Sei que pra maioria não tem nada de especial, mas isso me consome, sentir o movimento psicológico de alguém, ver e apreciar como reagimos às situações, como o silencio entre dois pode ser mais intenso e significativo do que milhares gritando.
Como um gesto, o olhar e o contato físico podem abrir uma alma e criar todo um novo “pensar” e assim como dominós, um por um somos afetados por isso, uma coisa tão pequena quanto um desejo bobo, pode virar algo tão grande quanto um desejo bobo? O mesmo humano que quando criança tinha um pássaro, virou médico-biólogo e na fuça de uma macaquinho enfia tubos e na pele dele testa vermífugos. Mesquinho e inaceitável, o lado podre de nós que infelizmente existe. Desse tipo de “humano”, apenas me questiono até que ponto alguém é mal e o que passa pela cabeça de alguém assim tão desprezível, nada é tão mutável quanto os pensamentos e o ser humano.
Digo e repito: humanos me irritam!
Porém já reparou como é fascinante quando conhecemos alguém pessoalmente? Essa é a única situação que somos todos iguais (suponho), ai sim você começa a perceber o que eu tento dizer. Essa outra pessoa, você passa analisar como ela se move, o jeito que ela se expressa verbalmente, o cheiro não habitual, a preocupação com as atitudes, o sorriso e os olhos que procuram afoitos um espaço dentro da tua vida... Se é que me entendes, estou falando de reações que inevitavelmente se transformam em sensações, vulgo “sentimentos”.
Complexo inconstante, isso sim é o que meu mundo se torna cada vez que eu paro pra viver, sinto uma vontade de sempre fazer parte e mostrar para outros o quanto é especial aquele momento, e como é importante vive-lo, talvez eu seja uma idealista ou uma sonhadora sem sonhos, mas apesar de minha simpatia pelos queridos pingüins, é de humanos que eu me ocupo. Nunca vou conseguir explicar exatamente o que eu vejo e penso a respeito de tudo isso, mas acho que os que me conhecem já entendem um pouco. Eu não trocaria essa satisfação de ser única entre todos, e de ser todos em um só, por uma existência seguida em linha reta, sem ao menos uma vez olhar pro lado e notar a vida e seus habitantes, afinal We are all dust in the wind...

sábado, janeiro 27

...

No change, no compromise
No good, no bad no reason to complain
Never better, often worse
no feeling usually hurts
I'm ok




e viva as sensações e o mau caminho consciente!

ouvindo: MC5 - Kick out the jams

sexta-feira, janeiro 26

Os Imperadores do Gelo e da Vida

Eu deveria ser um pinguim, e não um Ser Humano teoricamente racional, (não que façamos disso um dom) cheguei a tal conclusão depois de ver o documentário "La marche de l'empereur".


Pessoas, assistam esse filme!


quinta-feira, janeiro 25

(o que) eu me tornei

é como um buraco no estômago
infinitas possibilidades de um momento acabar
aquilo que ignoramos por prazer de não ser alguém
que confessa os próprios sonhos
alívio de pensamentos soltos e não corroído
nem mesmo pelos olhos ou pela alma
de quem sustentou toda uma corja de fracassos
e respiramos de dentro para fora na ilusão de fazer parte de alguma coisa
desprovido de reação física como alguém vive sem ser notado?
é como um buraco no estômago
que se desfaz ao toque tragando as palavras
dor constante que se sente do avesso e não é compartilhada
poucos entendem e vêem menos ainda
a insatisfação de um desejo
algo mais, faltante na vida nas pessoas e nos dias
sou outro alguém fechando o mundo.