quarta-feira, fevereiro 21

antes de você a perceber

me de uma dose
me de um pouco de contato físico
físico, físico, físico, físico
psique infinita
me de uma arma
me de um motivo
me de um tiro
uma roupa
me de palavras
me de um gole
me de ossos
me de o infinito
me de um olhar
me de um astronauta
me de um dia
dedos
me de um sorriso
me de um barco
me de um arranhão
um som
uma planta
um amor
uma sorte
um calor
me de um motivo
me de sentido
me de um motivo
me de sentido
me de um motivo
vários
sentidos
físico inapropriado
me de um pouco
me de 7
me de pó
me de e se e se esse suspiro
que é razão do sorriso de outro alguém
me de seu coração
me de silêncio
me de multidão
me de seu medo
de me ter
me de os dois
me de agora
as cicatrizes no seu olho
me de a luz
de um abraço
me de sinceridade
me de um livro
me de piadas sem sentido
me de um dia cinza
e filmes mudos
me de razão
me de um sim
um não
me de uma dose
de angústia
de raiva
me de um pouco
de você.

sexta-feira, fevereiro 2

Ah esses humanos que tanto me fascinam!

Percebi que ao contrário do que pensa a maioria, só os desprendidos de sentimentalismo vêem a beleza real do mundo e das pessoas. Falo por mim mesma e por poucos semelhantes que me rodeiam e sentem o mesmo.
A notável diferença entre nós é o que ainda me deixa feliz por ser diferente, por não pertencer a padrões de atitude e convívio.
A partir do momento que não nos importamos em ser ou ter, e não carregamos o asco de sempre precisar de tudo, todos a todo tempo, a vida se torna como aquele ditado que todo mundo acha bonito, mas não acredita, - se não voltar pra mim é porque nunca me pertenceu. Não me obrigo a sofrer por antecipação ou a agonia constante da falta de respostas para tudo que me afeta, as coisas acontecem naturalmente, acredito em destino e eu tento viver e não esperar que os outros o façam por mim.
Algumas dessas criaturas (humanos) tendem e não sei o porquê, a se submeter e criar necessidades que acabam deixando-os cegos, surdos, mudos e empacados na vida. Mas é isso que adoro, a diversidade entre a mediocridade humana e a perfeição de pertencer a algo tão maravilhoso.
Um de meus vícios diários (são tantos) é ficar imaginando a história de vida de alguém que passou por mim na rua, e me olhou nos olhos mesmo que apenas por meros segundos, já sendo o suficiente pra eu me perder em pensamentos e sorrir sentindo como é incrível tantas pessoas, tantas vidas, idéias, amores, raças, belezas e histórias, em volta de mim e não dentro. Eu gosto de ouvi-las.
Sei que pra maioria não tem nada de especial, mas isso me consome, sentir o movimento psicológico de alguém, ver e apreciar como reagimos às situações, como o silencio entre dois pode ser mais intenso e significativo do que milhares gritando.
Como um gesto, o olhar e o contato físico podem abrir uma alma e criar todo um novo “pensar” e assim como dominós, um por um somos afetados por isso, uma coisa tão pequena quanto um desejo bobo, pode virar algo tão grande quanto um desejo bobo? O mesmo humano que quando criança tinha um pássaro, virou médico-biólogo e na fuça de uma macaquinho enfia tubos e na pele dele testa vermífugos. Mesquinho e inaceitável, o lado podre de nós que infelizmente existe. Desse tipo de “humano”, apenas me questiono até que ponto alguém é mal e o que passa pela cabeça de alguém assim tão desprezível, nada é tão mutável quanto os pensamentos e o ser humano.
Digo e repito: humanos me irritam!
Porém já reparou como é fascinante quando conhecemos alguém pessoalmente? Essa é a única situação que somos todos iguais (suponho), ai sim você começa a perceber o que eu tento dizer. Essa outra pessoa, você passa analisar como ela se move, o jeito que ela se expressa verbalmente, o cheiro não habitual, a preocupação com as atitudes, o sorriso e os olhos que procuram afoitos um espaço dentro da tua vida... Se é que me entendes, estou falando de reações que inevitavelmente se transformam em sensações, vulgo “sentimentos”.
Complexo inconstante, isso sim é o que meu mundo se torna cada vez que eu paro pra viver, sinto uma vontade de sempre fazer parte e mostrar para outros o quanto é especial aquele momento, e como é importante vive-lo, talvez eu seja uma idealista ou uma sonhadora sem sonhos, mas apesar de minha simpatia pelos queridos pingüins, é de humanos que eu me ocupo. Nunca vou conseguir explicar exatamente o que eu vejo e penso a respeito de tudo isso, mas acho que os que me conhecem já entendem um pouco. Eu não trocaria essa satisfação de ser única entre todos, e de ser todos em um só, por uma existência seguida em linha reta, sem ao menos uma vez olhar pro lado e notar a vida e seus habitantes, afinal We are all dust in the wind...